Espírito... ou a falta dele!
No início de cada ano lectivo eis que os eternos debates voltam à baila. Praxe vs Anti- Praxe. MATA vs MAMATA. "Humilhação" vs Integração.
Gostava antes de abordar este assunto num âmbito mais alargado. O das tradições e espírito académico. Primeiro que tudo acho que me devo assumir (não, não é o que estão a pensar... isso fica para futuros posts!) . Sou praxista. Gosto de praxar e adorei ser praxado. Gosto de usar traje. A tradição académica fascina-me, pois está impregnada de cultos e ritos antiquíssimos que julgo sinceramente que não se devem perder.
Mas o ponto fulcral que pretendia abordar nem é tanto esse. É o facto de esse "espírito" ser vivido (ou não ser vivido) de forma tão peculiar na nossa FML. É a questão de a maioria dos veteranos (principalmente os digníssimos doutores acima do 4º ano) não ter sequer um minuto da sua atarefada vida para vir receber os caloiros. Nem que sejam anti-praxes ou que não tenham grande jeito para dar ordens. Trata-se essencialmente da integração. Ou acham verdadeiramente que caloiros que vêm para a grande urbe, que se sentem perdidos numa nova vida, num ensino a que não estão habituados, onde só há indivíduos e não há pessoas prefeririam ser "não" ser recebidos de trajes e batons na mão? Julgam por acaso que a indiferença e o "safem-se por vocês mesmos" era preferível?
É a minha opinião. Não passa disso e tem o peso que tem. Como tem peso a opinião dos caloiros. Se eles gostam de ser praxados, "humilhados", tratados abaixo de cão, espezinhados, ridicularizados, quem são as digníssimas intelectualidades que têm o poder de considerar que eles é que estão errados? Quem é anti-praxe limita-se a dizê-lo e isso é respeitado. Mas o acabar simplesmente com a praxe trata-se de desrespeitar todos aqueles caloiros que QUEREM ser praxados, e que têm direito, enquanto universitários, a sê-lo.
As tradições fazem parte da vida académica de uma universidade como o fazem os livros, as aulas e o mítico equeleto do anfiteatro de anatomia, por exemplo. As grandes universidades mundiais têm estritas regras e tradições ancestrais (Oxford, Harvard,...).
Só não percebo por vezes a postura da nossa universidade face a essas mesmas tradições. As praxes são organizadas individualmente, dispensando-se a formação de comissões de praxes que poderiam tornar esses momentos muito mais globais e engraçados (salve-se a rara mas feliz excepção do dia da praxe dos "Centros de Saúde"). E mais, a semana do caloiro é esquecida por muitos (facto a que a própria calendarização dessa mesma semana não será alheia- porque não na 2ª semana de Outubro??), a própria noite da Medicina, que deveria ser uma celebração de tudo o que é a FML não tem comparências generalizadas. E por aí adiante. Nos jantares de curso e nas festas vêm-se sempre os mesmos (os que ainda são intitulados de "bêbados" e têm que ouvir "se estivessem antes em casa a estudar" quando, muitas das vezes são excelentes alunos que nem sequer ingerem bebidas alcoólicas).
E por aí a diante. As Olimpíadas são o único momento de celebração de toda a faculdade no ano inteiro e, mesmo assim, faltam por vezes iniciativas que visem promover o tal "espírito". A tuna, um dos expoentes da vida académica, está constantemente a procurar novos membros, quando noutros locais o difícil mesmo é conseguir entrar para lá... A serenata, o traçar da capa, o fado do estudante, a semana académica...
Tantos acontecimentos em que a nossa faculdade prima pela ausência ou pela fraca representatividade. Convençam-se. Nós não somos nenhuma elite. Lá por sermos futuros médicos não temos a obrigação de abdicarmos de tudo o que é divertido ou politicamente incorrecto. Vejo colegas meus de outras faculdades lisboetas a vibrarem com o espírito que lá se vive. Olho para Coimbra ou para o Porto e sinto inveja das suas tradições e da forma como as defendem acerrimamente. Tenho que pena que na FML não se pense assim.
Felizmente, as mentalidades estão a mudar. E, nisso, o 2º ano está de parabéns. Quase toda a gente trajada (ainda que nem sequer exista um regulamento de uso do traje para a nossa faculdade...), a participar em grande nas praxes (creio que chegaram a estar mais veteranos que caloirada), a ser presença assídua em todos os jantares que decorreram ao longo do ano e a colaborar em todas as actividades académicas propostas.
Vamos fazer da FML, muito mais que uma estabelecimento de ensino superior, uma verdadeira academia!
PS- nunca pensaram que eu conseguia escrever coisinhas a sério... hein?
Gostava antes de abordar este assunto num âmbito mais alargado. O das tradições e espírito académico. Primeiro que tudo acho que me devo assumir (não, não é o que estão a pensar... isso fica para futuros posts!) . Sou praxista. Gosto de praxar e adorei ser praxado. Gosto de usar traje. A tradição académica fascina-me, pois está impregnada de cultos e ritos antiquíssimos que julgo sinceramente que não se devem perder.
Mas o ponto fulcral que pretendia abordar nem é tanto esse. É o facto de esse "espírito" ser vivido (ou não ser vivido) de forma tão peculiar na nossa FML. É a questão de a maioria dos veteranos (principalmente os digníssimos doutores acima do 4º ano) não ter sequer um minuto da sua atarefada vida para vir receber os caloiros. Nem que sejam anti-praxes ou que não tenham grande jeito para dar ordens. Trata-se essencialmente da integração. Ou acham verdadeiramente que caloiros que vêm para a grande urbe, que se sentem perdidos numa nova vida, num ensino a que não estão habituados, onde só há indivíduos e não há pessoas prefeririam ser "não" ser recebidos de trajes e batons na mão? Julgam por acaso que a indiferença e o "safem-se por vocês mesmos" era preferível?
É a minha opinião. Não passa disso e tem o peso que tem. Como tem peso a opinião dos caloiros. Se eles gostam de ser praxados, "humilhados", tratados abaixo de cão, espezinhados, ridicularizados, quem são as digníssimas intelectualidades que têm o poder de considerar que eles é que estão errados? Quem é anti-praxe limita-se a dizê-lo e isso é respeitado. Mas o acabar simplesmente com a praxe trata-se de desrespeitar todos aqueles caloiros que QUEREM ser praxados, e que têm direito, enquanto universitários, a sê-lo.
As tradições fazem parte da vida académica de uma universidade como o fazem os livros, as aulas e o mítico equeleto do anfiteatro de anatomia, por exemplo. As grandes universidades mundiais têm estritas regras e tradições ancestrais (Oxford, Harvard,...).
Só não percebo por vezes a postura da nossa universidade face a essas mesmas tradições. As praxes são organizadas individualmente, dispensando-se a formação de comissões de praxes que poderiam tornar esses momentos muito mais globais e engraçados (salve-se a rara mas feliz excepção do dia da praxe dos "Centros de Saúde"). E mais, a semana do caloiro é esquecida por muitos (facto a que a própria calendarização dessa mesma semana não será alheia- porque não na 2ª semana de Outubro??), a própria noite da Medicina, que deveria ser uma celebração de tudo o que é a FML não tem comparências generalizadas. E por aí adiante. Nos jantares de curso e nas festas vêm-se sempre os mesmos (os que ainda são intitulados de "bêbados" e têm que ouvir "se estivessem antes em casa a estudar" quando, muitas das vezes são excelentes alunos que nem sequer ingerem bebidas alcoólicas).
E por aí a diante. As Olimpíadas são o único momento de celebração de toda a faculdade no ano inteiro e, mesmo assim, faltam por vezes iniciativas que visem promover o tal "espírito". A tuna, um dos expoentes da vida académica, está constantemente a procurar novos membros, quando noutros locais o difícil mesmo é conseguir entrar para lá... A serenata, o traçar da capa, o fado do estudante, a semana académica...
Tantos acontecimentos em que a nossa faculdade prima pela ausência ou pela fraca representatividade. Convençam-se. Nós não somos nenhuma elite. Lá por sermos futuros médicos não temos a obrigação de abdicarmos de tudo o que é divertido ou politicamente incorrecto. Vejo colegas meus de outras faculdades lisboetas a vibrarem com o espírito que lá se vive. Olho para Coimbra ou para o Porto e sinto inveja das suas tradições e da forma como as defendem acerrimamente. Tenho que pena que na FML não se pense assim.
Felizmente, as mentalidades estão a mudar. E, nisso, o 2º ano está de parabéns. Quase toda a gente trajada (ainda que nem sequer exista um regulamento de uso do traje para a nossa faculdade...), a participar em grande nas praxes (creio que chegaram a estar mais veteranos que caloirada), a ser presença assídua em todos os jantares que decorreram ao longo do ano e a colaborar em todas as actividades académicas propostas.
Vamos fazer da FML, muito mais que uma estabelecimento de ensino superior, uma verdadeira academia!
PS- nunca pensaram que eu conseguia escrever coisinhas a sério... hein?
11 Comments:
Sim senhor, desta vez foi um texto em grande, até me vieram as lágrimas aos olhos! VIVA OS PRAXISTAS!!!!!!
By Anonymous, at 08 October, 2006 17:12
AMEN
By Anonymous, at 08 October, 2006 18:10
HEY, onde estão as PIADAS hein? Eu quero AS PIADAS...Por isso deixe-se de moralismos entediantes e faça o seu trabalho. =p
Seria de pensar que a 1ª aula de bioquímica F do ano desse material de sobra, que desilusão!!
By Anonymous, at 08 October, 2006 18:21
Ao menos houve os barulhos estranhos do microfone! Já me deixou contente...
By Anonymous, at 08 October, 2006 18:36
Nós confiamos neste nosso 2º ano. Coloquem propostas na mesa, lá estaremos.
By Anonymous, at 09 October, 2006 15:35
Já que o nosso ano valoriza tanto a praxe (sim, porque não são só um ou dois, são IMENSOS!) porque não fazer alguma coisa em conjunto para mudar? Não podemos deixar as nossas tradições com séculos de história. Temos um bom exemplo mesmo ao nosso lado na ESEnfCGL. Formem uma Comissão de Praxe, mexam-se!
Dura Praxis Sed Praxis!
By Anonymous, at 10 October, 2006 17:45
WHEEEE... E VIVA A PRAXE... ;)
By Anonymous, at 10 October, 2006 20:16
M.A.T.A. ruuuuleeeezzzzzzzzzz
By Anonymous, at 10 October, 2006 22:31
MAMATA is di best!!!!!!!!!!
By Anonymous, at 10 October, 2006 23:19
Embora não concorde com grande parte do que foi dito (excepto sobre as ideias feitas acerca dos jantares) tenho de reconhecer que que uma agurmentação lógica e interessante.
By Anonymous, at 13 October, 2006 23:05
meu deus estamos mesmo decadentes! desde quando é que alguma coisa escrita no Fractura se pode definir como lógica e interessante?? Redpill!! temos que "criar" mais piadas dakelas!!!
By alpha, at 14 October, 2006 14:18
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